E ela estava perdida. Perdida em seu próprio mundo, perdida por vales sombrios, perdida por frias estradas. Perdida no nada. Tic-tac, tic-tac. Gritava o relógio em seu sub consciente. E ela continuava esperando. Esperando por aquilo que fosse bom o suficiente, que fosse legal o suficiente, que a fizesse bem o suficiente. Esperando por algo que sabia que não iria vir. E o tempo passava, passava até pra ela. Em meio a tantos caminhos e tantas escolhas, onde ela estava agora? Quem ela era agora? Depois de tudo que não era bom o suficiente, depois de tudo que não foi, e depois de tudo que deixou de ser. Quem era ela agora? Depois de olhares trocados, de joguinhos vencidos, de sorrisos forçados, O que restava dela?
Depois de se deitar, e pedir por sua proteção, depois da novela, do filme, da série, do livro ou do café, Quem é você agora? As vezes, os medos falam mais altos que os sonhos. As vezes, nos deixamos levar por aquilo que requerem de nós. Não se perca tentando ser bom o suficiente pra alguém, seja suficiente apenas pra você.
E ela estava cansada. Cansada de procuras inúteis, de ganhar todos os jogos. Cansada de ser quem não foi, de ser quem era, e de ser quem não era. E era tão ser, e tão fingir, tão ser e tão querer, que ela já não sabia mais se era, ou se fingia, se era ou se queria. E o que restava agora depois de tudo que não iria ser?
As vezes, as chuvas que assolam sua alma te deixando mais fraco, não passam.
As vezes, a maré com ondas de angústia que afogam o seu ser te puxando pra baixo não vão embora.
A unica coisa que nos resta, é esperar. E gritar por dias ensolarados. Nos resta querer. Querer nadar, querer lutar, querer sair.
Nem sempre, vencemos nossas lutas.
Hoje, os caminhos estão traçados, as palavras foram ditas, as lágrimas derramadas. O sol chegou, a chuva passou. O dia amanheceu claro, e ela ainda não voltou a superfície.
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