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sexta-feira, dezembro 03, 2010


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Tudo parecia pequeno, tão pequeno, tão frio e tão vazio, talvez fosse demais para que pudesse ser suportado.
E lembrança permanecia lá. Jazia como um diamante, forte e talvez indestrutível na sua mente. E por mais que ela soubesse da verdade inteira, a essência daquele abandono desordenado permanecia ali, silente.
No espaço entre sentir felicidade e a ilusão de senti-la era onde aquela lembrança se apoderava dela, dia após dia.
E não era como se pudesse dizer, gritar ou chorar aquela dor. Ela apenas a sentia. Sentia comiseravelmente.
Difícil mesmo é descrever aquela sensação.
Apenas quem sente, sente. E é só.
É como toda vez que, por um segundo que seja, você se sentir bem, algo ressurgir como um fantasma e roubar os seus sorrisos. Algo de que não se foge, algo que palavras não podem concertar. Algo que ninguém pode entender.
Dói. Dói no íntimo mais profundo do seu ser. Dói como se não fosse passar, dói como se nem o tempo fosse apagar. E é no meio dessa dor que você percebe. Mais difícil do que descrever, é sentir isso.
No espaço entre, seus sorrisos e aqueles olhares, era onde ela permanecia, intacta.
A questão não é estar mal, quando diz estar bem. O problema é a covardia, o medo que o faz se esconder. O problema é muitas pessoas quererem ajudar, e nenhuma delas possuir uma solução. O problema, é preencher os espaços entre beijos e abraços, carinhos e lembranças.
O que não se tem, não se perde. O que não se promete dar, não é cobrado. A consequência só vem, daquilo que foi feito. 
Não se sente falta, daquilo que não se possuiu.
No espaço que existe entre esperar por algo, que se sabe que não virá, mesmo tendo sido prometido, é onde as pessoas se machucam.
E é no espaço entre uma dor e mais uma dor, onde pessoas perdem as forças para continuar caminhando. E é nessa hora que tudo se torna demais para que seja suportado.